Quantas vozes pretas devem se unir para que sejam ouvidas?

 


Como resposta ao ato ocorrido no dia 29.09, no campus que se manifestou contra as agressões sofridas por dois alunos pretos da universidade, além dos discursos anti cotas tolerados em sala de aula, a Direção Acadêmica da EFLCH convoca as entidades presentes no ato a uma reunião cuja a pauta é: Diálogo para a construção de uma política de convivência pacífica no campus.
 Os Centros Acadêmicos se unem ao Núcleo Negro (NNUG) num ato de repúdio ao racismo, à negligência da instituição sobre os crimes étnico raciais ocorrentes no campus e contra o silêncio da Universidade e são convocados a agir sob uma pauta de vivência harmônica. A UNIFESP propõe que convivamos harmonicamente com o quê exatamente? Com os racistas que se escondem na certeza da impunidade? Ou com sua burocracia de exceção e descaso destinado aos alunos e alunas pretos da universidade? Entendem como a convivência harmônica congestionar os alunos pretos da universidade ao silêncio enquanto sofrem humilhações, roubo intelectual, danos psicológicos e de permanência?
Qual será a gravidade dos atos racistas para serem considerados? O quão machucado deve ser um aluno ou aluna preta da universidade para receber acolhimento do NAE? É inadmissível que toda a comunidade preta da universidade tenha que interromper sua rotina acadêmica e de trabalho para que a sua dor seja ouvida por uma instituição que deveria ser referência de combate ao racismo (que se mostrou não ser). A comunidade se organiza junto das entidades do campus e exige a criação de políticas anti racistas na universidade, não é de nosso interesse conviver harmonicamente com o que é contra nossa existência. A UNIFESP deve se pronunciar em favor das políticas que deveria cumprir, pois, se uma aluna preta da universidade não puder dormir em paz, a Direção Acadêmica não dormirá.

 Publicado no Volume 7, dia 03/10/2022.
 Escrito por W. F. Soares (Pedagogia).

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