Estudante com o cartaz enunciando: “Unifesp, seu silêncio também é ra-
cismo. Esse castelo vai ruir” Foto: Agência de fotografia FOTOP.
Uma graduanda de Ciências Sociais da EFLCH denunciou, nos últimos dias, perseguições e ataques racistas que duraram um ano. Em depoimento, afirmou que sua agressora (que entrou na Unifesp pelo sistema de cotas) já havia plagiado um de seus trabalhos no último semestre de 2021. “Mudei de turno,
parei de ir às aulas com ela e cheguei a parar de vir à Universidade”, declarou.
Em assembleia marcada para a discussão da situação, o Núcleo Negro da Unifesp Guarulhos (NNUG) junto aos Centros Acadêmicos da EFLCH anunciou ato em frente ao aquário (marcado para o dia 29/09).
Durante seu depoimento, a estudante afirmou ter sido perseguida por sua agressora, estudante de Ciências Sociais do turno da tarde, desde o final de 2021 - quando começou a receber comentários que zombavam de suas roupas e aparência.
Os comentários afirmavam que a vítima estaria tentando se “parecer rica” ao se vestir para as aulas: “eu sei de onde você é”.
Segundo ela, as denúncias demoraram a ser feitas por receio de possíveis represálias por ser a única pessoa negra do grupo de amizades. “Sempre recusei em aceitar que era racismo por não querer ser a ‘negra que causa problemas'''.
A Unifesp ainda não se posicionou em relação às atitudes racistas da estudante, e, o contato realizado pela vítima ainda não passou pelas burocracias da instituição. Até o momento, foi marcada uma reunião
com o Núcleo de Apoio aos Estudantes (NAE).
Para a estudante vitimada pela situação, essas burocracias representam parte do motivo de ter demorado para entrar com denúncias: “Pra mim seria mais fácil sair da universidade do que denunciar e passar pelo o que estou passando”.
Na assembleia, o NNUG afirmou que, para que esses comentários e atitudes ocorram dentro da Universidade, necessariamente os propagadores devem se sentir confortáveis ao praticar atos racistas, coisa que não deve ocorrer mais dentro da Unifesp.
Publicado no Volume 7, dia 03/10/2022.
Escrito por Artur Santos (Ciências Sociais)
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