Ato em defesa da Democracia e manifestação em homenagem ao Dia dos Estudantes - e em defesa das instituições de ensino - marcaram a cidade de São Paulo no dia 11 de Agosto. Ambos tiveram como motivação a conjuntura pela qual o Brasil passa, além de serem realizados em tom de memória e homenagem.
Com a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito realizada às 11 da manhã nos Largo São Francisco (Centro da capital), a primeira Carta, redigida também no mesmo lugar em 1977, foi homenageada. Nela, o regime civil militar pelo qual o país passava foi amplamente criticado e, a democracia, defendida. Em um cenário de declínio da fase mais violenta da Ditadura, movimentos de resistência aos quais eram somados nomes (tais quais os signatários de uma carta) começaram a ganhar mais fôlego na luta contra o Regime.
No dia 11 de Agosto de 2022, com a presença de importantes lideranças políticas e na presença de antigos alunos de Direito da USP, a atual carta foi lida em clima tenso, mas esperançoso, ao qual o Jornamenta teve acesso como imprensa.
Com devida assertividade, o Centro Acadêmico de Direito da USP se pronunciou e defendeu que a democracia a qual o Brasil precisa defender não é a atual: “não queremos a democracia da fome, das chacinas, dos ricos (...) queremos a antítese do que a democracia é hoje” e louvou a juventude, o estudante e o movimento estudantil.
Antes do início da leitura das cartas, a reportagem realizou algumas entrevistas com professores, estudantes e figuras políticas as quais estavam no evento. Para João Amorim, professor de Direito Internacional da Unifesp Osasco, “o que mais me emociona é a união da sociedade civil que se une por uma causa maior” e, completa, há um trabalho significativo de reconstrução da democracia pelo qual o Brasil deve passar.
Quando questionado sobre o evento no pátio da Faculdade de Direito da USP ter entrada restrita, disse não acreditar ser uma medida para separar o povo de quem está dentro, mas uma que presasse pela segurança: “mais uma medida de segurança e fruto desses tempos malucos em que vivemos (...) pessoas armadas e partidárias; você não se pode dar o luxo de aparecer um ‘lobo solitário’”.
Para Walter Casagrande, também entrevistado pelo Jornamenta, houve uma sensação de felicidade e emoção durante o evento. Para o ex-jogador da Democracia Corinthiana, a última vez na qual ele foi a um ato em defesa da democracia foi em Abril de 1984, durante as “Diretas Já!” e ressalta que “já que tem que lutar, daqui pra frente nosso pacífico exército pela democracia vai vencer”.
A Carta lida pelas professoras Eunice de Jesus Prudente - “vestida de amarelo que é a cor do meu santo Oxum” -, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara e pelo jurista Flavio Flores da Cunha pregou que “Ditadura e tortura pertencem ao passado” e foi encerrada pelo uníssono grito de “Estado de Direito Sempre!” somado por cantos de “Fora Bolsonaro” e pelo voto em Lula.
Poucas horas depois, a Avenida Paulista foi palco de mais uma manifestação em defesa dos direitos dos estudantes, contra o desmonte de instituições de ensino e em oposição geral ao atual governo. Manifestantes, entretanto, se depararam com uma desorganização de horários de concentração (indo das 9 da manhã às 16 da tarde) e, consequentemente, com uma certa desmobilização de quantidade de pessoas presentes em um só momento durante o ato.
Havia na Paulista diferentes blocos de diferentes instituições de ensino tanto secundaristas quanto universitárias - como o bloco da Unifesp, da USP e de colégios como o Equipe - e de movimentos políticos como o MTST, PSOL, PCdoB somando aproximadamente 10 mil pessoas.
A Polícia Militar, entrevistada pelo Jornamenta, não forneceu números especulativos de quantas pessoas se encontravam no ato. Os "Policiais Moderadores” - aqueles que utilizam um colete com refletor azul - afirmaram que essa prática não é realizada há alguns anos para que a polícia não se envolva em questões políticas. A contagem fica a cargo de veículos informacionais e das próprias organizações do evento.
Às 20h06, a parte da frente da manifestação, havendo chegado na praça do ciclista, agradeceu a presença das pessoas e indicou que o ato estava concluído. Alguns manifestantes questionaram a decisão: “quando a polícia aparece a revolução para?”, mas às 20h32 já não havia nenhum manifestante se não dois grupos de pessoas conversando na frente de um supermercado.
Com a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito realizada às 11 da manhã nos Largo São Francisco (Centro da capital), a primeira Carta, redigida também no mesmo lugar em 1977, foi homenageada. Nela, o regime civil militar pelo qual o país passava foi amplamente criticado e, a democracia, defendida. Em um cenário de declínio da fase mais violenta da Ditadura, movimentos de resistência aos quais eram somados nomes (tais quais os signatários de uma carta) começaram a ganhar mais fôlego na luta contra o Regime.
No dia 11 de Agosto de 2022, com a presença de importantes lideranças políticas e na presença de antigos alunos de Direito da USP, a atual carta foi lida em clima tenso, mas esperançoso, ao qual o Jornamenta teve acesso como imprensa.
Com devida assertividade, o Centro Acadêmico de Direito da USP se pronunciou e defendeu que a democracia a qual o Brasil precisa defender não é a atual: “não queremos a democracia da fome, das chacinas, dos ricos (...) queremos a antítese do que a democracia é hoje” e louvou a juventude, o estudante e o movimento estudantil.
Antes do início da leitura das cartas, a reportagem realizou algumas entrevistas com professores, estudantes e figuras políticas as quais estavam no evento. Para João Amorim, professor de Direito Internacional da Unifesp Osasco, “o que mais me emociona é a união da sociedade civil que se une por uma causa maior” e, completa, há um trabalho significativo de reconstrução da democracia pelo qual o Brasil deve passar.
Quando questionado sobre o evento no pátio da Faculdade de Direito da USP ter entrada restrita, disse não acreditar ser uma medida para separar o povo de quem está dentro, mas uma que presasse pela segurança: “mais uma medida de segurança e fruto desses tempos malucos em que vivemos (...) pessoas armadas e partidárias; você não se pode dar o luxo de aparecer um ‘lobo solitário’”.
Para Walter Casagrande, também entrevistado pelo Jornamenta, houve uma sensação de felicidade e emoção durante o evento. Para o ex-jogador da Democracia Corinthiana, a última vez na qual ele foi a um ato em defesa da democracia foi em Abril de 1984, durante as “Diretas Já!” e ressalta que “já que tem que lutar, daqui pra frente nosso pacífico exército pela democracia vai vencer”.
A Carta lida pelas professoras Eunice de Jesus Prudente - “vestida de amarelo que é a cor do meu santo Oxum” -, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara e pelo jurista Flavio Flores da Cunha pregou que “Ditadura e tortura pertencem ao passado” e foi encerrada pelo uníssono grito de “Estado de Direito Sempre!” somado por cantos de “Fora Bolsonaro” e pelo voto em Lula.
Poucas horas depois, a Avenida Paulista foi palco de mais uma manifestação em defesa dos direitos dos estudantes, contra o desmonte de instituições de ensino e em oposição geral ao atual governo. Manifestantes, entretanto, se depararam com uma desorganização de horários de concentração (indo das 9 da manhã às 16 da tarde) e, consequentemente, com uma certa desmobilização de quantidade de pessoas presentes em um só momento durante o ato.
Havia na Paulista diferentes blocos de diferentes instituições de ensino tanto secundaristas quanto universitárias - como o bloco da Unifesp, da USP e de colégios como o Equipe - e de movimentos políticos como o MTST, PSOL, PCdoB somando aproximadamente 10 mil pessoas.
A Polícia Militar, entrevistada pelo Jornamenta, não forneceu números especulativos de quantas pessoas se encontravam no ato. Os "Policiais Moderadores” - aqueles que utilizam um colete com refletor azul - afirmaram que essa prática não é realizada há alguns anos para que a polícia não se envolva em questões políticas. A contagem fica a cargo de veículos informacionais e das próprias organizações do evento.
Às 20h06, a parte da frente da manifestação, havendo chegado na praça do ciclista, agradeceu a presença das pessoas e indicou que o ato estava concluído. Alguns manifestantes questionaram a decisão: “quando a polícia aparece a revolução para?”, mas às 20h32 já não havia nenhum manifestante se não dois grupos de pessoas conversando na frente de um supermercado.
Publicado no Volume 5, dia 09/09/2022.
Escrito por Artur Santos (Ciências Sociais)
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