Incidente em ensaio da Bateria suscita questões sobre Inclusão de estudantes da EFLCH

 Reclamações quanto ao barulho da Malaguetta iniciaram discussões sobre hipersensibilidade auditiva além de ataques na internet.

Uma nota publicada pela Bateria Malaguetta no dia 19/07 denunciou a intervenção realizada por uma professora quanto ao barulho e ao horário do ensaio. A reclamação foi feita pela janela da sala de aula e, em comentários nas redes sociais da Bateria, a situação de estudantes com hipersensibilidade auditiva surgiu e foi tratada com hostilidade.
Sob a perspectiva verídica de que o samba, por ser uma manifestação cultural popular e negra, é facilmente criticado e vexado em um ambiente acadêmico, a discussão ganhou fôlego, mas acabou atropelando de maneira violenta a questão de inclusão de estudantes com hipersensibilidade auditiva da Unifesp. 
Com o desenvolver do episódio ocorrido no dia 05/07 (dia da reclamação feita pela professora), foi introduzida a questão de que certos estudantes e TAEs com quadros de autismo não só têm dificuldades como impossibilidade de estudar e trabalhar na presença de sons altos. A hipersensibilidade auditiva que estes indivíduos têm pode lhes causar dores e eventuais picos de ansiedade quando em presença de sons muito altos - como é o caso de um ensaio de bateria. Mais de uma pessoa já teve esses problemas com os sons do ensaio.
Surpreendentemente, essa questão de inclusão foi atacada nas redes sociais e contou, inclusive, com uma ameaça violenta a quem iniciou essa discussão. Em um tweet, uma integrante da gestão da Malaguetta - agora afastada - escreveu que “[a pessoa] não foi violentamente agredida, mas será”. Em resposta à denúncia de violência cibernética, a Bateria Malaguetta realizou no dia 02/08 uma Assembleia que decidiu pelo afastamento definitivo da autora da ameaça. 
Durante a reunião marcada para a resolução do problema, foi perceptível a sua desestruturação, pois deveria ser fechada e foi aberta de última hora para diferentes Centros Acadêmicos, além de ter se tornado rapidamente um palanque de discussões excludentes sobre um assunto de inclusão - inclusive, a pessoa com hipersensibilidade auditiva que veio à tona teve de sair para se recompor da ansiedade criada pela reunião.
Em diálogo com a Malaguetta, fontes afirmaram que, a princípio, a entidade não estava ciente das questões de hipersensibilidade da estudante e da TAE, sendo o primeiro contato que teve com a questão da discente através das redes sociais.

Publicado no volume 4, dia 08/08/2022.
Escrito por Louis Claude (Letras) e Artur Santos (Ciências Sociais)

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